sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

A experiência de estar em Moçambique

Devo dizer-vos que a experiência de estar três meses em Moçambique foi extremamente gratificante, não só pela importância do estágio que lá fui fazer mas também pela experiencia de estar num outro país com uma realidade bem diferente da nossa e ainda pelas pessoas que tive o prazer de conhecer e privar. As aventuras foram algumas e devo dizer que fiquei completamente apaixonado por aquele país e com muita vontade de para lá voltar. Obviamente que nem sempre foi fácil e claro que existiram momentos muito difíceis de ultrapassar, tais como estar incontactável, não ter acesso à internet, não ter acesso a televisão, mas que são situações que nos vamos habituando e que acabamos por lidar com a maior naturalidade possível.
Os Moçambicanos são pessoas muito calorosas e sabem bem receber, e o que mais impressiona é que apesar de passarem algumas dificuldades são pessoas extremamente felizes e verdadeiras. O país é lindo e deparamo-nos com paisagens maravilhosas que parecem tiradas de uma tela, tal como já foi dito é um país de contrastes que nem toda a gente consegue gostar ou habituar-se mas, na minha humilde opinião, ou se adora ou se detesta não havendo um meio-termo. Sem dúvida que voltaria a repetir a experiência que mais uma vez digo que foi muito gratificante e maravilhosa e que no fundo espero ter marcado de alguma maneira as pessoas com quem trabalhei, com quem privei e que tive o imenso prazer de conhecer. A TODOS UM MUITO OBRIGADO.   


A todos aqueles que tiverem a oportunidade de ir conhecer aquele país, não hesitem em ir, pois de certo não se vão arrepender...

Intervenção na Comunidade

Tive ainda a oportunidade única de fazer alguma intervenção na comunidade, ao nível de algum aconselhamento de medidas de protecção contra doenças sexualmente transmissíveis, como a SIDA, que é um grande problema de Saúde Pública em Moçambique e em termos de consumo de água, promovendo o aconselhamento de algumas medidas básicas, tais como ferver a água antes de a beber ou colocar em garrafas e colocar ao sol durante umas horas antes do consumo. Estas medidas embora sejam muito publicitadas pelos média e através de cartazes por quase todo o lado ainda existem muitas pessoas que não tomam qualquer tipo de precaução para estes problemas.
Surgiu-me ainda a oportunidade de poder explicar o ciclo da água e outros assuntos pertinentes numa escola que ficava perto da fábrica onde estive a estagiar, a alunos da 4º classe, tendo sido uma experiência única e muito gratificante.
Outros assuntos também foram tratados como por exemplo o tratamento do lixo e aconselhei os professores e outras pessoas a fazerem caixas de compostagem, de modo a tratarem pelo menos uma parte do lixo com aproveitamento da matéria orgânica que se cria no processo.

Em caso de incêndio...

Houve um dia que cheguei à fábrica e ocorreu-me perguntar aos trabalhadores o que fariam em caso de incêndio no interior da fábrica e se sabiam o que eram os extintores e se sabiam como utilizá-los, e digo-vos que as respostas não foram muito animadoras. Em cerca de quarenta (40) trabalhadores, a maioria fugia, e aqueles que não fugiam tentariam apagar o incêndio mas muito provavelmente não saberiam como faze-lo. Relativamente à segunda questão apenas três (3) pessoas sabiam o que eram extintores e como utilizá-los, assim e face a estes resultados, e depois de conferenciar com o meu orientador, decidimos que iria dar uma pequena formação aos trabalhadores sobre prevenção de incêndios e ensiná-los a utilizar um extintor. E foi mais uma formação com sucesso, embora nem sempre seja fácil fazer passar a informação que queremos, com alguma criatividade e paciência, acabamos por conseguir.

Visitas à Fábrica

É importante também referir que a fábrica é bastante visitada por pessoas que pertencem ao Governo, sendo que durante o meu estágio, a visita mais importante que recebemos foi do Sr, Ministro da Cultura de Moçambique, o qual ficou muito impressionado com as nossas instalações e modo de trabalho, o que nos deixou bastante orgulhosos, embora exista ainda muito trabalho por fazer.

Resultados de análises à água

Durante o mês de Dezembro foram enviadas para o laboratório amostras de água já engarrafada e quando os resultados chegaram no final de Janeiro, eu pessoalmente fiquei assustado com os resultados apresentados, uma vez que não estavam conforme o decreto nº39/2006 de 27 de Setembro. Mais uma vez surgiu um desafio que teria de ser ultrapassado, sem ter à disposição qualquer equipamento que pudesse auxiliar na resolução do mesmo, foram então implementadas algumas novas medidas de controlo ao nível do comportamento dos trabalhadores, especialmente na área do enchimento pois era esta que apresentava maior probabilidade de contaminação do produto final. E mais uma vez foram recomendadas medidas complementares e alguns equipamentos que estão em falta nesta área, de modo a melhorar a qualidade do produto final, assim como o bem-estar dos trabalhadores.

A importância da Higiene Pessoal

Alguns dos problemas com que me deparei durante a minha estadia em Moçambique, foi relativamente à Higiene Pessoal dos trabalhadores, pois a falta de conhecimento é ainda visível e como tal não entendem porque lhes são exigidas algumas coisas, tais como lavar as mãos depois de utilizar os sanitários, depois de comerem, fumar, etc., por vezes os comportamentos que nós consideramos mais básicos, para eles são coisas que não fazem parte do seu dia-a-dia.
Dado que para alguns dos trabalhadores não fazia sentido algumas normas de Higiene implementadas na fábrica, procedi a uma pequena formação para todos os trabalhadores sobre Saúde e Higiene Pessoal e tentei explicar de que forma estes temas estão intimamente ligados e o porquê de algumas situações exigidas no decorrer do trabalho. Devo acrescentar que esta formação foi um sucesso, uma vez que foram retiradas muitas dúvidas dos trabalhadores e alterados alguns dos seus comportamentos, assim como fornecidas informações pertinentes para uma melhoria das suas vidas e das suas famílias.   

De volta ao trabalho

Depois de umas belas e merecidas férias, eis que voltei para o Gurué e para a fábrica para retomar o meu trabalho e por essa altura iniciei um levantamento sobre os riscos a que os trabalhadores estão sujeitos no decorrer do seu trabalho. Para tal foram utilizados alguns métodos diferentes para melhor compreender os riscos a que estão sujeitos, assim foram adoptados dois (2) métodos, um de observação nos respectivos locais de trabalho e o outro foi através da execução das próprias tarefas para uma melhor assimilação das funções de cada um dos trabalhadores. Uma vez que não havia aparelhos para fazer as medições necessárias, houve algumas situações que foram admitidas que existia risco, simplesmente por senso comum, como por exemplo o risco causado pelo ruído das máquinas. Depois da elaboração deste levantamento, sendo uma espécie de mapa de riscos, foi elaborado uma listagem de recomendações para a mitigação de cada um dos riscos encontrados e aconselhados alguns equipamentos de protecção colectiva e individual (Epi´s).

Alguns dos riscos encontrados foram:
- Riscos associados a agentes físicos (ruído, ambiente térmico);
- Riscos associados ao posto e local de trabalho;
- Riscos associados à movimentação de cargas;
- Riscos específicos (eléctricos, incêndio);
- Riscos ergonómicos.

Para uma melhor compreensão de alguns conceitos que envolvem esta temática, aconselha-se a visualização do seguinte link:

As aventuras de Natal e Passagem de Ano

Eis que chegou a altura das férias do Natal e esta altura festiva foi para mim bem diferente de todas as outras, pois estava num ambiente completamente diferente do que estava habituado, estava calor, as iguarias na mesa eram diferentes, embora por esta altura conseguimos matar algumas saudades do nosso Portugal com alguns produtos do nosso país, tais como uns belos pães alentejanos, queijo da Serra, etc. Mas foi fantástico e uma experiência completamente nova pois estava com alguns membros da família e amigos e quando estamos em boa companhia as saudades não apertam tanto.
Depois do natal e uma vez que eu ainda me encontrava de férias, parti em direcção à Ilha de Moçambique, outro local maravilhoso que tive oportunidade de conhecer, e onde nasceu o país de Moçambique, para quem não sabe. Nesta aventura ia sendo encarcerado por falta de documentos (passaporte) e embora não me orgulhe do que tive que fazer para me safar da situação, não tinha outra alternativa, tive então que “subornar” dois cinzentinhos, como carinhosamente são chamados os agentes das alfândegas e pagar-lhes a quantia de 1000 meticais para que me deixassem seguir sem problemas. Embora o termo “subornar” não seja o mais indicado, uma vez que eles próprios tentam fazer com que lhes demos dinheiro e não têm vergonha nenhuma de pedir a quem quer que seja, ainda mais nesta altura festiva., portanto para aqueles dois agentes foi um dia de sorte eu não ter comigo os documentos. Mas não pensem que o resto da viagem correu sem mais incidentes, pois esta situação ocorreu logo à saída da cidade de Nampula e até à ilha de Moçambique ainda tive que passar por mais cinco (5) postos de controlo mas por sorte em mais nenhum me pediram os documentos, mas obviamente que ia um pouco nervoso e embora no fim todos rimos da situação na altura em questão posso afirmar que tremia que nem varas verdes.
Tive então uns dias na ilha de Moçambique, que é um sítio bem bonito, embora esteja muito abandonado e degradado até ir para as Chocas do Mar, onde passámos a passagem de ano, na praia (só para meter inveja) com uns 30º C de temperatura exterior e água quente. Bem só vos posso dizer que foram dias maravilhosos, de praia, convívio e de descanso e sempre em muito boa companhia.










As viagens por Moçambique




Já á pouco tinha mencionado a questão das aventuras das viagens em Moçambique, mas queria reforçar um pouco esta temática com alguns exemplos práticos de algumas viagens que fiz por Moçambique, por exemplo, a minha primeira aventura por terras Moçambicanas foi precisamente no dia a seguir a ter chegado a Nampula e foi a viagem que me levaria a conhecer o sítio onde iria estagiar, portanto a viagem seria Nampula - Gurué e a distância percorrida foi de cerca 450km, apenas vos posso dizer que na melhor das hipóteses a viagem demora 6h. Escusado será dizer que sofre-se antes de nos habituarmos a este tipo de maratona, mas vale a pena pelas paisagens que temos o privilégio de apreciar neste país maravilhoso.

O porquê deste Blogue



Peço desculpa por não ter começado por escrever neste meu blogue o motivo que me levou a faze-lo e a partilhar com todos os leitores, deste modo, sendo eu aluno do 4ºano do Curso de Saúde Ambiental da Escola Superior de Saúde de Beja e portanto finalista faz parte do currículo um estágio com a duração de três (3) meses numa empresa ou instituição privada, tendo eu elegido executar o meu estágio em Moçambique numa Fábrica de Águas pertencente à empresa Miranda Industrial. Lda., que tem sede na cidade de Nampula, sendo que a fábrica em questão localiza-se na província da Zambézia, no distrito do Gurué e na localidade de Metilile a cerca de 450km de Nampula. Sendo que este blogue é um dos elementos de avaliação do estágio.

Devo informar-vos que aqui a questão das distâncias é bastante relativa, uma vez que para os Moçambicanos é tudo perto, 100Km é perto e se forem 20km é já ali, torna-se importante ter noção destas pequenas questões quando estamos num país enorme como é Moçambique.

Quero partilhar também com os leitores que é uma verdadeira aventura cada vez que se faz uma viagem para qualquer lado uma vez que a grande parte das estradas de Moçambique são de terra batida, as picadas, como eles lá lhes chamam e que por vezes com as condições climatéricas assim um pouco piores, como chuvas torrenciais, uma viagem torna-se numa prova de Todo-o-terreno, autenticamente.

Problemas Resolvidos

Depois do começo de uma semana particularmente complicada, os problemas foram sendo resolvidos um por um até podermos retomar a nossa produção normal, embora não possamos dizer que a partir desta altura já não se verificaram mais problemas, pois estamos a falar de uma unidade fabril que possui máquinas que necessitam de atenção e manutenção constante, e portanto os problemas iam surgindo e iam sendo resolvidos de acordo com as possibilidades e prioridades.
Nunca nos podemos esquecer que estamos em Moçambique e que a maioria das vezes um pequeno problema depressa se torna num enorme problema, uma vez que não temos á nossa disposição todo o material que por vezes necessitamos, e como tal é extremamente necessário tornarmo-nos criativos na resolução de situações com as quais nos deparamos.